Histórias "Mulheres no Comex", por Cida Alves



MERCADO DE TRABALHO X IDADE & GÊNERO 

Quando iniciei minha carreira no Comércio Exterior, esse era um universo quase que 100% masculino. Na época, eu era uma das responsáveis pelas compras nacionais do Departamento de Suprimentos de uma Industria petroquímica. No mesmo Departamento, uma posição para a área de Importação e Exportação ficou em aberto por quase seis meses. Apesar de demostrar meu interesse explicito pela vaga e estar capacitada para assumi-la, eu apenas dava “suporte” enquanto o candidato certo não aparecia. Ao questionar o gestor, ouvi dele sem meias palavras: “Esse é um trabalho para homem, não fica bem mulher no porto, além disso você é muito jovem.” Meses depois, provei que ele estava errado (claro que, felizmente já havia outro gestor no lugar dele) e aqui estou eu, vivendo essa experiência há quase trinta anos, perdi as contas de quantas vezes precisei ir ao porto, entrar em um navio e até mesmo subir em um caminhão.

 Mas, não se iludam, o cenário mudou, nós ainda temos um longo caminho a percorrer. Um estudo publicado na Harvard Business Review, comprovou que muitas mulheres são discriminadas em processos seletivos por causa do gênero, ou seja, da possibilidade de se tornarem mães. Pegando um gancho no artigo recente de Monnike Garcia, publicado aqui no Blog, “Profissional de Comex & Habilidades 2020 segundo WEF” observamos que entre os requisitos exigidos para ser um (a) bom (a) profissional no COMEX, não se incluem gênero e idade. Mas, a prática, mesmo velada, continua. Como disse antes, no início da minha carreira, além de ser mulher eu era muito jovem. De acordo com os padrões de algumas empresas, se essa seleção ocorresse hoje, além de ser mulher eu seria considerada muito “velha” para o cargo. A pouco tempo, uma amiga e colega da área, com uma experiência de trabalho brilhante, construída ao longo de mais de 20 anos atuando em multinacionais, no Brasil e no Exterior e que nunca deixou de se atualizar em sua área foi descartada da noite para o dia e substituída por um homem mais jovem e menos experiente que ela. Pouco depois, ouvi de um empresário que o momento é do jovem, que são eles que têm as conexões necessárias, a disposição e a capacidade para atração de novos negócios para as empresas.

 Em outubro de 2015, a Revista Você S.A, informava que, ao avaliar mais de 40.000 candidaturas de emprego em diversos setores, um estudo do Escritório Nacional de Pesquisas Econômicas dos EUA encontrou evidências “fortes” de discriminação etária na contratação de candidatas mulheres e “consideravelmente menos evidências” de discriminação por idade contra candidatos homens. As conclusões sugerem que a discriminação por idade é um problema especialmente feminino.

 “A discriminação por idade é pior para as mulheres”, disse Neumark, economista da UC Irvine.

 Na contra mão, a Revista ISTOÉ, traz uma matéria fantástica sobre “Os novos 50 anos” que vale a pena ser lida, principalmente por aqueles que pensam dessa forma, hoje, a nova geração de cinquentões está em ótima forma e é protagonista de uma das maiores mudanças de comportamento do nosso tempo, afirmam as jornalistas Camila Brandalise, Fabíola Perez e Mariana Brugger, eles mudam de profissão, começam outra faculdade, se divorciam, casam novamente. Minha amiga, a psicóloga Ludmila Rohr, do Blog “Mulheres em Crescimento”, afirma que 50 são os novos 30 e que somos todas, donas de nossas histórias e eu concordo com ela,  se precisamos provar a nossa capacidade todos os dias, então, que assim seja.


Feliz Natal e que venha 2018, cheio de novos desafios.

Cida Alves, mestranda em Educação pela USAL-Buenos Aires e atualmente gestora executiva de uma das maiores empresas de Prestação de Serviços e Assessoria em Comex do Norte e Nordeste localizada em Fortaleza-CE, Sócia na O.P.R. Interglobo empresa especializada em agenciamento internacional de Carga, ministro treinamentos em COMEX. Nasci em Vitória da Conquista-Ba, fui educada em Salvador-Ba, cidade maravilhosa, onde construi minha carreira voltada para o Comércio Exterior ao longo de 20 e poucos anos. Na Bahia tive o prazer de trabalhar em duas grandes indústrias do Pólo Petroquimico de Camaçari-Ba além de uma multi-nacional da área de energia. Supervisionei ainda, o Setor de Importação de empresa especializada na prestação de Serviços em Desembaraço Aduaneiro, na Importação\Exportação, Transporte Rodoviario e armazenagem de cargas. Me especializei em Losgistica e Tranportes pela Universidade Católica do Salvador onde conlclui meu M.B.A.

Comentários

  1. Sensacional seu artigo Cida! Sua história é inspiradora espero que possamos ver muitas Cidas no Comex! Bjo grande

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